Nove empresas do setor de mobilidade urbana estão se unindo para lançar uma coalizão que pretende tornar mais acessível aos brasileiros os carros elétricos. A iniciativa se inspira em dois dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: o item 7, garantir o acesso a fontes de energia limpas e acessíveis; e o item 11, tornar as cidades e comunidades mais inclusivas e sustentáveis.
Chamada Aliança pela Mobilidade Sustentável, a iniciativa é liderada pela 99 e tem como membros CAOA Cherry, Ipiranga, Movida, Raízen, Tupinambá Energia, Unidas e Zletric.
Para viabilizar o modelo no país, a aliança vai discutir formas para impulsionar a infraestrutura necessária à eletrificação da frota brasileira. Isso inclui a criação de postos públicos de recarga, diminuir as barreiras para a aquisição de carros elétricos (financeiras, por exemplo), facilitar o aluguel deste tipo de automóvel por motoristas de aplicativo e ajudar nos gargalos da cadeia de fornecedores.
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Thiago Hipólito, diretor do DriverLAb da 99, responsável por elaborar a iniciativa e chamar os parceiros, lembra que esses automóveis possuem menos impacto ambiental e podem reduzir custo de combustível em até 75%, “mas ainda são muito mais caros do que os convencionais”, pontua. “Construímos a aliança para deixar esses modelos mais acessíveis para os motoristas e para as pessoas que mais precisam deles”, completa. A 99 tem meta de ter 100% da frota do aplicativo de carros elétricos até 2030.
Não à toa, a aliança quer envolver setores correlatos como os de abastecimento, manufatura, locação e transporte por aplicativo na causa. Se a indústria automotiva não oferecer carros, o ponteiro de mudança não muda. Se não tiver interesse de compradores, a indústria não vende. Se não tiver peças disponíveis, nada sai do papel. E se o preço não for acessível, não haverá demanda suficiente.
Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), em 2021, as vendas de veículos elétricos - que inclui os modelos elétricos, híbridos plug-in e híbridos - cresceram 77% em relação ao ano anterior, somando 34.990 unidades. Boa parte da demanda é puxada pelas empresas que encomendam veículos menos poluentes para sua cadeia. O próprio problema de abastecimento da cadeia de automóveis a combustão também deu um impulso no segmento concorrente. Por fim, apesar dos elétricos serem mais caros, o combustível mais caro também acabou encarecendo os veículos tradicionais, diminuindo a diferença no total.
Mesmo assim, ainda a indústria e a infraestrutura para tais frotas ainda é pequena no Brasil e os preços - que facilmente ultrapassam R$ 150 mil - ainda os tornam pouco acessíveis para a maioria dos brasileiros.